domingo, 2 de agosto de 2009

M. S. Lourenço (1936-2009)


Foi meu professor de Lógica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa no ano lectivo de 1986-1987. Nessa altura, para mim, ainda não era M.S. Lourenço mas apenas o Prof. Manuel Lourenço. Dava as aulas teóricas da Cadeira expondo a «Teoria Clássica da Dedução» com ar distante, entediado talvez - tendo plena consciência do desinteresse da maior parte dos alunos pela disciplina. Só mais tarde percebi a importância da Lógica, a importância de Manuel Lourenço como verdadeiro fundador dos estudos de Lógica em Portugal e a importância de M. S. Lourenço. Do grupo de «O Tempo e Modo», M. S. Lourenço foi um notável poeta, um escritor de uma escrita inaudita em Portugal - O Doge, atribuído ao Arquiduque Alexis-Christian Von Ratselhaft und Gribskov e Os Degraus do Parnaso - e grande tradutor de Wittgenstein - o Tractatus e as Investigações Filosóficas -, de Goedel e de Joyce. Estudioso de Wittgenstein - tema da sua tese de doutoramento, Espontaneidade da Razão. A Analítica Conceptual da Refutação do Empirismo na Filosofia de Wittgenstein, era, reconhecidamente, um dos mais importantes filósofos no âmbito da Lógica e da Filosofia da Matemática . Andou por Inglaterra - onde foi aluno de Michel Dummett e de G. E. M. Anscombe -, EUA e Áustria. Era dos professores mais cultos e cosmopolitas do Curso. Morreu ontem. Era pai do escritor e grande helenista Frederico Lourenço.

Página de M. S. Lourenço na Internet (onde pode ser lida uma grande entrevista conduzida por Miguel Tamen)

P.S.: Desidério Murcho, que foi meu contemporâneo no Departamento de Filosofia da Faculdade de Letras de Lisboa, presta-lhe uma significativa homenagem na Crítica.