Pacheco Pereira presta, hoje, na Sábado, uma significativa homenagem a Maria Helena da Rocha Pereira:
"A Senhora, que uma vez disse que vivia com os gregos, os antigos, é frágil como uma pena. Quase que não se vê no meio das pessoas, mas sabe-se que ela lá está. Vai-se lá por causa dela, haja chuva, trovões, tempestades, coisa que ela conhece certamente bem dos poemas antigos que, como ninguém, estudou em Portugal. Dentro dela estão as grandes tempestades homéricas, mas também as palavras de Píndaro, de Anacreonte, a sabedoria de Sólon, a prosa esplêndida de Platão. Fala baixo o que impõe o silêncio absoluto que tão raro é. E descreve a Grécia arcaica com a familiaridade de quem viveu sempre lá. Ocasionalmente fala em grego, porque, para o que quer dizer, essas são as palavras precisas. E não precisa de falar muito para dizer muito. Diz com ironia, para comentar Esparta na sua decadência, que havia pelo menos uma qualidade que tinham mantido: os espartanos falavam sempre pouco.
A Senhora, Maria Helena da Rocha Pereira, ganhou mais um prémio. Se houvesse uns Jogos Olímpicos na categoria do saber, Píndaro escreveria sobre ela."