Um país civilizado é aquele cujos clássicos estão permanentemente disponíveis, seja em edições de referência, seja em edições acessíveis ao grande público mas assentes em textos rigorosamente fixados. Alguma coisa tem sido feita, mérito de alguns investigadores, universidades e casas editoras. A Imprensa Nacional tem cumprido o seu papel. No entanto, permanecem, indesculpavelmente, algumas zonas de sombra. Uma delas é Alexandre Herculano. Figura incontornável da literatura e da historiografia portuguesas, não tem no mercado livreiro actual edições de referência dignas desse nome. As edições das suas obras dirigidas por Vitorino Nemésio encontram-se esgotadas, para já não falar da inexistência de uma autêntica obra completa, tarefa nunca concluída, permanecendo por editar muitos textos dispersos. Num período em que o romance histórico se tornou moda, a ausência de Herculano no nosso tempo é um mistério por esclarecer. O mesmo acontece com Almeida Garrett, do qual, no entanto, se iniciou a publicação da Edição Crítica (na INCM). Escândalo dos escândalos: de Camilo Castelo Branco não existe uma edição de conjunto (a edição da Lello não está, propriamente, ao alcance do grande público, dado o seu elevadíssimo custo e não é uma edição completa, muito menos crítica), sendo hoje inacessíveis muitos dos volumes das Obras dirigidas por Jacinto do Prado Coelho para a Parceria A. M. Pereira.
Para não ir além do século XX, autores como Fialho de Almeida e Ramalho Ortigão tornaram-se invisíveis, dado o desparecimento das edições da Livraria Clássica Editora.
Valham-nos os alfarrabistas e os recentemente por mim descobertos leilões na Net.
Valham-nos os alfarrabistas e os recentemente por mim descobertos leilões na Net.
(Edição crítica do Eurico - já a tinha e comprei outra para oferecer ao meu primo Xico)