Não é pedantismo nem pose estudada, corolário de muitas ignorâncias - garanto. Mas não consigo imaginar que o livro do ano de 2010 (ainda que do final dele) possa ser outro que não a nova tradução das Novelas Ejemplares, de Miguel de Cervantes Saavedra, mais de cinquenta anos depois da «versão» de Mestre Aquilino. Vou mergulhar.
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segunda-feira, 10 de janeiro de 2011
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
Os clássicos
Um país civilizado é aquele cujos clássicos estão permanentemente disponíveis, seja em edições de referência, seja em edições acessíveis ao grande público mas assentes em textos rigorosamente fixados. Alguma coisa tem sido feita, mérito de alguns investigadores, universidades e casas editoras. A Imprensa Nacional tem cumprido o seu papel. No entanto, permanecem, indesculpavelmente, algumas zonas de sombra. Uma delas é Alexandre Herculano. Figura incontornável da literatura e da historiografia portuguesas, não tem no mercado livreiro actual edições de referência dignas desse nome. As edições das suas obras dirigidas por Vitorino Nemésio encontram-se esgotadas, para já não falar da inexistência de uma autêntica obra completa, tarefa nunca concluída, permanecendo por editar muitos textos dispersos. Num período em que o romance histórico se tornou moda, a ausência de Herculano no nosso tempo é um mistério por esclarecer. O mesmo acontece com Almeida Garrett, do qual, no entanto, se iniciou a publicação da Edição Crítica (na INCM). Escândalo dos escândalos: de Camilo Castelo Branco não existe uma edição de conjunto (a edição da Lello não está, propriamente, ao alcance do grande público, dado o seu elevadíssimo custo e não é uma edição completa, muito menos crítica), sendo hoje inacessíveis muitos dos volumes das Obras dirigidas por Jacinto do Prado Coelho para a Parceria A. M. Pereira.
Para não ir além do século XX, autores como Fialho de Almeida e Ramalho Ortigão tornaram-se invisíveis, dado o desparecimento das edições da Livraria Clássica Editora.
Valham-nos os alfarrabistas e os recentemente por mim descobertos leilões na Net.
Valham-nos os alfarrabistas e os recentemente por mim descobertos leilões na Net.
(Edição crítica do Eurico - já a tinha e comprei outra para oferecer ao meu primo Xico)
quarta-feira, 19 de maio de 2010
Feira do Livro
A Feira do Livro de Lisboa é, cada vez mais, um cadáver adiado. Contribui para isso o desaparecimento de alguns editores, o estado moribundo de alguns - Livros do Brasil, Europa-América - e a concentração que, em vez de somar, comprime. A Leya é menor do que a soma das partes. A babel é muito menor do que a soma das partes.
É um facto que há algumas editoras novas e algumas com grande actividade editorial. O que é certo é que a existência das Fnac, a multiplicação de feiras e mercados do livro e de iniciativas semelhantes ao longo de todo o ano, bem como a possibilidade de comprar livros na Internet, retira muita da razão de ser de uma grande Feira do Livro.
Desforrei-me nos alfabarrabistas. É sempre bom encontrar aquele livro e falar com pessoas que amam os livros e sabem de livros.
*
Um fenómeno interessante dos últimos tempos é a ressurreição de velhas editoras e chancelas, Assim de fugida, lembro-me da Portugália, da Arcádia, grandes casas editoras do passado, bem como da Parceria A. M. Pereira. Se somarmos a isso o renovamento da Guimarães, da Ática, da Verbo, da Ulisseia, da Sá da Costa estaremos em presença de uma feliz reconfiguração do panorama editorial português ou tratar-se-á de mera dispersão? Serão reeditados os respectivos fundos?
Era bom que alguém ressuscitasse a Moraes!
quarta-feira, 31 de março de 2010
Google Books e Biblioteca Digital Camões
A Google Books é uma das grandes iniciativas na Rede e que poderá, num futuro mais ou menos próximo, aproximar-se do Youtube em termos de importância, que não em termos de popularidade: haverá sempre mais pessoas a ver filmes e ouvir música do que a ler.
Aspirando a ser a maior biblioteca do mundo (virtualmente, A Biblioteca), a Google Livros contém um acervo considerável de livros à escala mundial que podem ser visualizados integralmente - obras do domínio público e obras autorizadas - ou parcialmente.
Obras que nunca consegui ler ou que, para o fazer, teria de me deslocar a uma biblioteca estão hoje disponíveis na Rede e podem ser «arrumadas» nas Prateleiras que cada pessoa pode ter na sua conta.
Hoje foi o dia de poder ler as Rimas de Luís de Camões, com o texto estabelecido e prefaciado por Álvaro Júlio da Costa Pimpão e editadas em Coimbra em 1953 «Por Ordem da Universidade nos «Acta Universitatis Conimbrigensis» e de consultar as Obras Médicas de Pedro Hispano, editadas por Maria Helena da Rocha Pereira na mesma colecção. Já estão na minha Prateleira.
A Biblioteca Digital Camões, do Instituto Camões, também disponibiliza para download (em PDF) um conjunto de obras, de que destacaria a célebre «Biblioteca Breve» do antigo ICALP e as recentes edições ne varietur dos Opera Omnia de Agustina Bessa-Luís.
A disponibilização de livros na Rede permite preservar os espécimes físicos e os constrangimentos dos horários e do funcionamento das bibliotecas e arquivos. E proteger-nos dos ácaros.
A Biblioteca Digital Camões, do Instituto Camões, também disponibiliza para download (em PDF) um conjunto de obras, de que destacaria a célebre «Biblioteca Breve» do antigo ICALP e as recentes edições ne varietur dos Opera Omnia de Agustina Bessa-Luís.
A disponibilização de livros na Rede permite preservar os espécimes físicos e os constrangimentos dos horários e do funcionamento das bibliotecas e arquivos. E proteger-nos dos ácaros.
sexta-feira, 5 de março de 2010
Fahrenheit 451
A Leya procedeu à transformação em pasta de papel de milhares de livros de Jorge de Sena, Eduardo Lourenço, Eugénio de Andrade e Vasco Graça Moura, entre outros, publicados pela ASA.
Citando Miguel Esteves Cardoso, «espero que a Leya se foda»
sábado, 11 de abril de 2009
Os Russos
E que dizer dos Russos? Antes tinhamos edições mal amanhadas do francês. Hoje, graças aos esforços de Nina e Filipe Guerra, por um lado, e de António Pescada, por outro, possuímos traduções directa do russo de obras fundamentais como Guerra e Paz, Anna Karénina, A Morte de Ivan Illitch e Sonata de Kreutzer de Tolstói, algum Turguenév, quase todo o Gógol, quase todo o Dostoiévski, quase todo o Tchékhov, Margarida e o Mestre, O Doutor Jivago e muitos outros.
Spasiba!
Spasiba!
Clássicos
O mesmo se diga da Literatura. Os últimos anos têm propiciado o aparecimento de primeiras traduções, ou traduções refrescadas, de Homero (Ilíada, Odisseia, por Frederico Lourenço), Hesíodo, Ésquilo, Sófocles (na MinervaCoimbra), Eurípides, Menandro, Apuleio, Horácio (as Odes, por Pedro Braga Falcão), Petrónio (O Satyricon, por Delfim F. Leão), Ovídio (A Arte de Amar, Amores, por Carlos Ascenso André; Metamorfoses, por Paulo Farmhouse Alberto), etc.
Fora do âmbito das humanidades clássicas greco-latinas, têm surgido traduções de Dante e Petrarca (por Vasco Graça Moura), do Quijote (duas edições, uma por José Bento e outra por Miguel Serras Pereira), do Orlando Furioso de Ariosto, a Edição da Obra Dramática Completa de Shakespeare (na Campo das Letras, que agora faliu...), Milton (Paraíso Perdido), William Blake, Lautréamont, Walt Whitman, Pablo Neruda (por Albano Martins), Poe e muito, muito mais.
Fora do âmbito das humanidades clássicas greco-latinas, têm surgido traduções de Dante e Petrarca (por Vasco Graça Moura), do Quijote (duas edições, uma por José Bento e outra por Miguel Serras Pereira), do Orlando Furioso de Ariosto, a Edição da Obra Dramática Completa de Shakespeare (na Campo das Letras, que agora faliu...), Milton (Paraíso Perdido), William Blake, Lautréamont, Walt Whitman, Pablo Neruda (por Albano Martins), Poe e muito, muito mais.
sexta-feira, 10 de abril de 2009
Filosofia
Vão longe os tempos em que os principais textos da literatura mundial e da Filosofia se liam em traduções francesas ou inglesas. Quando comecei o curso, Platão tinha poucas traduções, Aristóteles nem se fala e no que diz respeito a Kant começava-se a dar os primeiros passos com a Crítica da Razão Prática (de Artur Morão) e, principalmente, com a Crítica da Razão Pura (de Manuela Pinto dos Santos e Alexandre Fradique Morujão). Passados 20 anos, o panorama é completamente diferente: Platão está praticamente todo traduzido (falta uma edição de conjunto, com unidade de procedimentos interpretativos), Santo Agostinho, Espinosa, o essencial de Kant também, Nietzsche, Wittgenstein, etc.
Gostaria de chamar a atenção para um acontecimento editorial e cultural da máxima relevância - e que deveria teria mais destaque, não fosse a normal tradicional desatenção ao que é mesmo importante - e que é a Edição da Obras Completas de Aristóteles, dirigida por António Pedro Mesquita na INCM. Trata-se da primeira edição numa única colecção, à escala mundial, da Obra Completa do Estagirita, constituindo o primeiro volume uma «Introdução Geral» à Obra, da autoria do coordenador da edição e que constitui uma apresentação do «estado da arte» dos estudos aristotélicos. E que é também capaz, de num momento de síntese, de afirmar: « o aristotelismo é a ontologia natural do Ocidente - e por isso, e ele também um fim que não finda, isto é, o melhor fim. Este destino dá que pensar. Teria Aristóteles presentido que, enquanto Alexandre estava a construir um império, ele andava construindo uma civilização para ele? Ninguém decerto o saberá jamais - o que, evidentemente, é nesta matéria de importância alguma.»
Gostaria de chamar a atenção para um acontecimento editorial e cultural da máxima relevância - e que deveria teria mais destaque, não fosse a normal tradicional desatenção ao que é mesmo importante - e que é a Edição da Obras Completas de Aristóteles, dirigida por António Pedro Mesquita na INCM. Trata-se da primeira edição numa única colecção, à escala mundial, da Obra Completa do Estagirita, constituindo o primeiro volume uma «Introdução Geral» à Obra, da autoria do coordenador da edição e que constitui uma apresentação do «estado da arte» dos estudos aristotélicos. E que é também capaz, de num momento de síntese, de afirmar: « o aristotelismo é a ontologia natural do Ocidente - e por isso, e ele também um fim que não finda, isto é, o melhor fim. Este destino dá que pensar. Teria Aristóteles presentido que, enquanto Alexandre estava a construir um império, ele andava construindo uma civilização para ele? Ninguém decerto o saberá jamais - o que, evidentemente, é nesta matéria de importância alguma.»
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009
Livros do Brasil


Uma das piores coisas que uma editora pode fazer é abandonar a imagem de marca que a tornou única. Mesmo que habitualmente as achemos toscas, pouco sofisticadas, as capas dos livros da Livros do Brasil tinham um charme retro, demodée - o cartão, as cores por vezes demasiado garridas, as «orelhas»,mais atrás os cadernos ainda por abrir, o tamanho, as ilustrações de grandes nomes da arte portuguesa, aquele aviso "proibida a venda na República Federativa dos Estados Unidos do Brasil" (sic), o tipo, o papel, os autores, as grandes - e as péssimas! - traduções. A colecção «Dois Mundos», a «Livros do Brasil», mesmo a «Autores de Sempre» tinham esse charme. Mesmo as sucessivas modificações gráficas nunca alteraram a fundo a ideia que presidia a essas colecções e ao modo de as editar. A editora renovou totalmente as colecções e deitou tudo a perder. Mas nada disso se compara ao crime perpetrado à velha colecção «Vampiro» ou à «Argonauta», aumentando o tamanho dos livros, descaracterizando-os por completo, "melhorando-os", retirando-lhes a fragilidade que era a marca distintiva da sua "personalidade".
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