quarta-feira, 21 de julho de 2010

Os instalados

Pacheco Pereira, como quase sempre, certeiro:

"Olhando para os encontros dos “artistas” que venceram a Ministra encontramos um dos mundos menos conhecidos e escrutinados da vida pública portuguesa. Porém, existe uma relação directa entre a ausência de escrutínio do seu trabalho e a capacidade que têm de influenciar os media a favor das suas causas, quer porque o seu lugar é central em certas “indústrias culturais”, a que os media estão associados, quer pelo preconceito da intangibilidade da “cultura”, da “criação”, da “arte”.
Este mundo funciona em circuito fechado, e desconhece-se que critérios presidem ao seu funcionamento e como são verificados os resultados dessa aplicação do dinheiro dos contribuintes. Sabe-se que não é pelo interesse do público, visto que estes ramos de “cultura” e “arte” abominam tal critério vulgar, de serem avaliados, entre outras coisas, pelo interesse que suscita o seu trabalho pelo comum dos portugueses.
É verdade que a verba que gastam do erário público não é elevada, mas é dinheiro dos contribuintes que tem direito de saber onde e com quem é gasta. Os grupos de “artistas”, principalmente na área do teatro e da “performance”, empregam um número significativo de pessoas, cuja trabalho individual é desconhecido e não avaliado. São “artistas” e como se auto-classificam como tal, quase tudo lhes é permitido, e respondem com enorme arrogância a qualquer avaliação.
Tanto “artista”, tanto “criador”, que nós temos por metro quadrado! O modo como se apresentam tem toda a prosápia burocrática e cultural."

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P.S.: Não sou contra os subsídios, que existem em qualquer país civilizado. Sou a favor da rigorosa avaliação das candidaturas, por um comité de sábios, como em qualquer país civilizado. Sou a favor de contrapartidas, que se traduzam em real descentralização, prestação de serviços, designdamente às escolas e educação pela arte. Sou contra a arrogância de quem acha que nada tem de explicar e fundamentar só porque é... artista... Há uns dias, uma tal Filomena Cautela - aliás, boa actriz e bonita rapariga, rebitesa e empertigadamente interessante - ralhava na televisão pública (onde tem um programa, pago por nós todos) a exigir subsidiação a quem não se vende aos interesses comerciais. Está-se mesmo a ver que o programa em que ela pontifica e ganha o seu quinhão para o sustento não é «comercial»... - deve ser «artístico»!

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