sexta-feira, 10 de abril de 2009

Filosofia


Vão longe os tempos em que os principais textos da literatura mundial e da Filosofia se liam em traduções francesas ou inglesas. Quando comecei o curso, Platão tinha poucas traduções, Aristóteles nem se fala e no que diz respeito a Kant começava-se a dar os primeiros passos com a Crítica da Razão Prática (de Artur Morão) e, principalmente, com a Crítica da Razão Pura (de Manuela Pinto dos Santos e Alexandre Fradique Morujão). Passados 20 anos, o panorama é completamente diferente: Platão está praticamente todo traduzido (falta uma edição de conjunto, com unidade de procedimentos interpretativos), Santo Agostinho, Espinosa, o essencial de Kant também, Nietzsche, Wittgenstein, etc.
Gostaria de chamar a atenção para um acontecimento editorial e cultural da máxima relevância - e que deveria teria mais destaque, não fosse a normal tradicional desatenção ao que é mesmo importante - e que é a Edição da Obras Completas de Aristóteles, dirigida por António Pedro Mesquita na INCM. Trata-se da primeira edição numa única colecção, à escala mundial, da Obra Completa do Estagirita, constituindo o primeiro volume uma «Introdução Geral» à Obra, da autoria do coordenador da edição e que constitui uma apresentação do «estado da arte» dos estudos aristotélicos. E que é também capaz, de num momento de síntese, de afirmar: « o aristotelismo é a ontologia natural do Ocidente - e por isso, e ele também um fim que não finda, isto é, o melhor fim. Este destino dá que pensar. Teria Aristóteles presentido que, enquanto Alexandre estava a construir um império, ele andava construindo uma civilização para ele? Ninguém decerto o saberá jamais - o que, evidentemente, é nesta matéria de importância alguma.»

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